Tempos difíceis adiante

Já não bastasse a difícil sorte dos palestinos sob o controle do governo “centrista” do Partido Kadima de Tzipi Livni, o resultado das eleições israelenses adicionou mais um grave elemento a perturbar qualquer possibilidade de paz entre os dois povos: com a vitória da direita (ainda que o partido de Livni tenha sido o vencedor individual), o presidente Shimon Peres convidou o falcão Benyamin Netanyahu (Likud) para formar o governo. Ao aceitar a nomeação, o ex-primeiro ministro nomeou o Irã como a maior ameaça a Israel, e não fez nenhuma referência ao “processo de paz” com os palestinos.
Não bastasse o fato de Netanyahu ser um conhecido opositor das negociações de paz visando o estabelecimento de um Estado palestino, seu governo contará com o apoio fundamental do ultra-direitista Avigdor Lieberman, cujo partido (Israel Beitenu) obteve a terceira colocação no pleito, desbancando o tradicional partido trabalhista (Mapai). Lieberman, antigo segurança de porta de boate na Moldávia, defende a expulsão dos árabes de Israel, e é totalmente contra qualquer negociação com os palestinos. Seu partido, laico, terá de conviver na mesma coalizão com os ultra-religiosos do Shas. Em comum, a crença em que toda a terra da Palestina pertence aos judeus – ou apenas israelenses.
Quanto à “vencedora” das eleições, Tzipi Livni, passará à oposição, uma vez que considera que o governo do Likud não permitirá a continuação do processo de negociação com os palestinos, visando uma solução de dois Estados (embora “negociação” seja uma palavra um pouco imprecisa para descrever a submissão palestina à força militar israelense). Tempos difíceis adiante, não apenas para os israelenses, cada vez mais distantes da paz, mas principalmente para os palestinos, cada vez mais distantes da esperança.

Um comentário:

Anônimo disse...

1A fórmula do Kadima (e também dos Trabalhistas e dos EUA) "dois povos, dois Estados" é a senha para o genocídio e limpeza étnica contra os árabes-israelenses. Com a fundação do "Estado" palestino, sem forças armadas e isolado do mundo, Israel ("Estado judeu") terá a legitimidade para expulsar, e, porque não dizer, exterminar os palestinos-israelenses de uma vez por todas.
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O Kadima e o Mapai (nacionalistas socialistas) são mais "pragmáticos", mais "low profile" e, por isso mesmo, mais perigosos que o Likud (nacionalistas liberal) e o Israel Beitenu. Ou será que é preciso lembrar a carnificina em Gaza há 1 mês?
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Israel aprende e supera seus mestres, a Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini.
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Israel, Israel, Israel über alles!!!
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Ramez Philippe Maalouf